Inicialmente gostaria de dizer que o Ensino por Competência ainda é algo novo, em germinação, cada um faz de um jeito e até o momento não tem nem 50% do seu processo padronizado.
Quando o SENAC no Brasil adotou essa metodologia de ensino lembro bem que mudou tudo nas denominações até então conhecidas e surgiram outras. Uma atitude digamos, pioneira. De lá para cá já experimentou-se muita coisa, muitos processos foram reformulados e refeitos, mas até o momento nada de padrão, o que me preocupa já que o SENAC visa a Qualidade Total. E pelo que vi e presenciei, ensino por competência não tem um padrão a seguir, não até o momento pelo menos.
Dentre as novas denominações adotadas pelo ensino por competência, surgiu o tal do Componente Curricular, que de acordo com muitas fontes vem a ser o mesmo que disciplina, matéria ou cadeira.
Disciplina, de acordo com a sua etimologia, significa "aquele que segue", ou ainda é o nome designado a qualquer área do conhecimento que é ministrada ou estudada em um ambiente escolar.
Pois bem, não é fácil mudar a cultura dos nossos alunos que vêm com a palavra Disciplina incrustrada em seu vocabulário, o mesmo se aplica aos professores/orientadores que volta e meia acabam por mencionar Disciplina ao invés de Componente Curricular.
Depois de muito brigar e colher opiniões sobre o que realmente viria a ser um Componente Curricular, fico com a definição de uma colega de SENAC, a Leila Dipietro:
"Um componente curricular é uma soma de conhecimentos, uma soma de disciplinas que ao final resultarão em um produto ou serviço. "
Para que esse produto ou serviço seja produzido é obvio que se fará necessário a aplicação de conhecimentos(saber), habilidades (saber fazer) e atitudes (saber ser), ou seja, é a competência.
Desta forma, Componente Curricular está associado a competência. As disciplinas que aprendemos no ensino médio são todas ao exmo, sem um objetivo final, sem um produto ou serviço final gerado, ou seja, o professor só trabalha, ou pelo menos busca, a formação de conhecimentos, sem praticá-los concretamente.
Para mim toda competência demanda de uma prática associada a ela. Se não tiver algo para ser construído então não é competência e sim conhecimento.
Para a area de TI creio que competência é bem claro, pois ou o caboclo sabe fazer ou não sabe fazer. Para saber fazer (habilidade), ele tem que saber o que está fazendo (conhecimento) e também tem que saber onde, como e quando fazer (atitudes).
Simples não? Portanto nada mais de Disciplina e sim Componente Curricular.
Abração
8 comentários:
Gostei muito! Interessante e bem claro.
Ótima definição professor.
Muito bom, que tal exemplificar de forma literal como fazer resultar em produto ou serviço um conhecimento?
foi tão boa que o explicador confundiu " a esmo" com " o exmo".
Mas valeu acender a vela.ELIAS
Agradável foi muito útil
Ótima explicação
Muito boa a explicação....foi claro e objetivo.
Muito obrigado!!!
Discordo totalmente. O termo disciplina tem um significado historicamente construído e carrega em si o principal objetivo da escola: sistematizar os conhecimentos trazidos pelos estudantes e transformá-los em conhecimento epistêmico. Desse modo, o termo 'disciplina' está diretamente alinhado às disciplinas tradicionais (matemática, história, Língua Portuguesa etc), tão necessárias para conduzir o estudante a galgar o ensino superior. O grande problema e desafio é aproximar as matérias tradicionais da realidade concreta dos estudantes, pois só aprendemos se vemos sentido naquilo que estudamos.
Essa falha da escola, no entanto, não deve ser justificativa para substituir o termo disciplina por 'componente curricular'. O novo conceito generaliza demais e abre o currículo para novos elementos, esvaziando o currículo de seu sentido crítico.
Vemos o resultado dessa troca vocabular no Novo Ensino Médio, por exemplo, com a redução do das disciplinas e a substituição delas por componentes curriculares, tais como 'Empreendedorismo', Projeto de Vida e outros itinerários superficiais.
Postar um comentário